Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo | |
Processo: | 0246/04 |
![]() | ![]() |
Data do Acordão: | 05/10/2006 |
![]() | ![]() |
Tribunal: | 2 SUBSECÇÃO DO CA |
![]() | ![]() |
Relator: | FERNANDA XAVIER |
![]() | ![]() |
Descritores: | RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL. PRESSUPOSTOS. ILICITUDE. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. RESPONSABILIDADE POR ACTO LÍCITO. PRESSUPOSTOS. NEXO DE CAUSALIDADE. ÓNUS DE PROVA. |
![]() | ![]() |
Sumário: | I-São pressupostos da responsabilidade civil extracontratual por factos ilícitos: o facto, a ilicitude, a culpa, o dano e o nexo de causalidade entre o facto e o dano. II-São pressupostos da responsabilidade civil extracontratual por factos lícitos: o acto administrativo legal ou material lícito, o dano de que advenham prejuízos especiais e anormais, um interesse geral e o nexo causal entre o facto e o dano. III-A Administração viola o princípio da boa fé, quando falta à confiança que fundadamente despertou num particular, ao actuar em desconformidade com aquilo que previsivelmente fazia antever o seu comportamento anterior. IV-O princípio da confiança implica um mínimo de certeza nos direitos das pessoas e nas expectativas que lhe são juridicamente criadas. V-O princípio da boa fé é corolário do princípio da tutela da confiança e ambos estão intimamente relacionados com o princípio da segurança jurídica inerente ao Estado de Direito. VI-A imposição em 1989, de condicionantes à construção de um projectado empreendimento num imóvel inventariado pela Câmara, desde 1986, como valor cultural concelhio, não permite criar legítima ou fundada confiança aos seus comproprietários de que a situação desse imóvel se manteria, assim, indefinidamente. VII-Por isso, a desinventariação, pela Câmara, do referido prédio em 1995, ocorrida no âmbito da revisão do levantamento do património arquitectónico do concelho, deixando, em consequência, de se justificar as condicionantes à construção anteriormente decorrentes dessa inventariação, quando os comproprietários já haviam desistido do projectado empreendimento e vendido o imóvel em 1993, o qual a Câmara veio a adquirir em 1997 para construir um equipamento municipal, não constitui, só por si, qualquer conduta desleal da Câmara, não se podendo, por causa disso, dizer que esta defraudou a confiança daqueles, ou que existe uma situação passível de corresponder a um «venire contra factum proprium». VIII-Não se provando outros factos que permitam concluir pela violação dos citados princípios, onde assenta a alegada ilicitude da conduta da Câmara referida em VI e VII, improcede o pedido indemnizatório, com fundamento em responsabilidade civil extracontratual, por factos ilícitos. IX-Não se provando também o nexo de causalidade, em termos de causalidade adequada (artº563º do CC), entre aqueles actos e os alegados prejuízos sofridos pelos AA, improcede também o pedido indemnizatório, com fundamento em responsabilidade civil por factos lícitos. X-Com efeito, aos AA incumbia o ónus daquela prova (artº342, nº1 do CC) e sendo cumulativos os pressupostos da responsabilidade civil, quer por factos ilícitos, quer por factos lícitos, basta a falta de um, para que a acção improceda. |
![]() | ![]() |
![]() | ![]() |
Nº Convencional: | JSTA00063182 |
Nº do Documento: | SA1200605100246 |
Data de Entrada: | 03/09/2004 |
Recorrente: | A E OUTROS |
Recorrido 1: | MUNICÍPIO DE MATOSINHOS |
Votação: | UNANIMIDADE |
![]() | ![]() |
![]() | ![]() |
![]() | ![]() |
Meio Processual: | REC JURISDICIONAL. |
Objecto: | SENT TAC PORTO. |
Decisão: | NEGA PROVIMENTO. |
Área Temática 1: | DIR ADM CONT - RESPONSABILIDADE EXTRA. |
Área Temática 2: | DIR CIV - DIR OBG. |
Legislação Nacional: | CONST97 ART266 N3 ART2. CPA91 ART6-A. CCIV66 ART342 N1 ART563. DL 48051 DE 1967 /11/21 ART6 ART9 N1. |
Jurisprudência Nacional: | AC STA PROC42175 DE 1999/01/12.; AC STA PROC44443 DE 2000/02/02.; AC STA PROC509/02 DE 2002/05/16.; AC STA PROC44846 DE 2002/11/13.; AC TC 109/02 DE 2002/03/05.; AC TC PROC382/01 DE 2002/03/14.; AC STA PROC46188 DE 2003/05/06.; AC STA PROC509/05 DE 2006/03/14. |
Referência a Doutrina: | M ESTEVES DE OLIVEIRA E OUTROS CÓDIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO 2ED PAG108. GOMES CANOTILHO O PROBLEMA DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ACTOS LÍCITOS PAG143. |
![]() | ![]() |
![]() | ![]() |
Aditamento: | ![]() |
![]() | ![]() |