Centro de Documentação da PJ
Monografia

CD342
SANTOS, Gabriela Araujo dos
Antropologia forense no norte do Brasil [Recurso eletrónico] : inovação desenvolvimento e ampliação de conhecimentos e técnicas / Gabriela Araujo dos Santos.- Coimbra : [s.n.], 2023.- 1 CD-ROM ; 12 cm
Tese no âmbito do Doutoramento em Antropologia Forense, apresentada ao Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, orientada por Eugénia Maria Guedes Pinto da Cunha, Talita Lima de Castro Espicalsky e Melina Calmon Silva. Ficheiro de 8,78 MB em formato PDF (245 p.).


ANTROPOLOGIA FORENSE, ODONTOLOGIA FORENSE, TECNOLOGIA, IDENTIFICAÇÃO HUMANA, IDENTIFICAÇÃO DE CADÁVER, ANÁLISE DE VESTÍGIOS, INSTITUTO DE MEDICINA LEGAL, TESE, BRASIL

Na última década a Antropologia Forense cresceu significativamente no Brasil. Entretanto, a evolução da disciplina ocorreu assimetricamente entre as regiões do país. Comparativamente, a região norte do Brasil é uma das áreas do país onde menos se desenvolveu nesta disciplina forense. A presente dissertação teve como objetivo avaliar a abordagem antropológica forense que é feita em corpos no estado de decomposição avançada e esqueletos não identificados, em Rondônia e no estado do Acre. A pesquisa visou trazer o avanço tecnológico, ligado à Antropologia Forense, para norte do Brasil, criando um aplicativo contendo os principais métodos de análise antropológica que possam ser integrados no trabalho dos peritos do Instituto Médico Legal de Porto Velho, em Rondônia. Com isso buscou-se facilitar a coleta de informações, o processamento de dados, seu armazenamento e o compartilhamento. Também foi o objetivo deste trabalho reanalisar todos os indivíduos da coleção de esqueletos não identificados do Laboratório de Antropologia Forense e Odontologia Legal do Instituto Médico Legal de Porto Velho – LAFOL/IML-PVH, no intuito de testar a eficácia da nova ferramenta tecnológica desenvolvida. Para avaliar a abordagem pericial em esqueletos não identificados nos Institutos, foi enviado um questionário a um especialista do Instituto de Porto Velho, em Rondônia, e outro do IML de Rio Branco, no Acre, contendo questões sobre o trabalho pericial em cadáveres em avançado estado de decomposição e esqueletizados e sobre os recursos disponíveis aos especialistas para realizarem as análises antropológicas. Após a aplicação do questionário, foram realizadas análises antropológicas nos indivíduos da coleção de esqueletos não identificados do Laboratório de Antropologia Forense e Odontologia Legal do IML de Porto Velho. Por fim, os dados antropológicos deste estudo foram comparados com laudos periciais anteriores, quando existiam, para averiguar o impacto gerado por esta nova abordagem antropológica. A coleção de esqueletos não identificados do LAFOL/IML-PVH continha um número mínimo de 81 indivíduos que, em sua maioria, estavam representados apenas pelo crânio. A estimativa de perfil biológico dos indivíduos apontou uma preponderância de esqueletos do sexo masculino, 24 indivíduos, e apenas um do sexo feminino, com base na pelve. Com base nos ossos longos existem três indivíduos do sexo masculino e nenhum do sexo feminino. Com base no crânio existem três indivíduos do sexo masculino e nove do sexo feminino. A faixa etária de idade com maior representatividade no acervo do LAFOL/IML-PVH está entre 21 e 35 anos. O aplicativo “Bones: Protocol and Database”, desenvolvido nesta pesquisa, reduziu em 29,5% o tempo gasto na coleta e processamento dos dados antropológicos. Por se tratar de um software, a ferramenta desenvolvida nesta pesquisa pode ser dispendiosa para implementação nos IMLs, porém, o investimento é compensado com as vantagens que o programa oferece ao setor de Antropologia Forense. No acervo do LAFOL/IML-PVH foram encontrados os laudos de apenas 51,9% (n=42) dos indivíduos. Sendo assim, esta pesquisa contribuiu com dados inéditos sobres os remanescentes ósseos humanos dos quais não foram encontrados os laudos periciais. Esta pesquisa também contribuiu com o armazenamento dos dados antropológicos em nuvem, evitando que futuramente essas informações sejam perdidas permanentemente. Os trabalhos realizados nesta pesquisa, resultaram em uma cooperação interinstitucional com a Polícia Civil de Rondônia que foi imprescindível para a Operação Identifica – LAFOL, tendo como resultado a identificação de dois indivíduos do acervo. Em suma, diante dos resultados deste estudo, nota-se que a pesquisa contribuiu com o crescimento da Antropologia Forense no Norte do Brasil e gerou resultados científicos, tecnológicos, acadêmicos e sociais significativos dentro do trabalho pericial da região, abrindo caminhos para o desenvolvimento de projetos futuros. O trabalho aqui dissertado tem relevância, também, nacionalmente, pois incentiva e colabora para um desenvolvimento mais igualitário da Antropologia Forense.