Centro de Documentação da PJ
| ||||
COSTA, Paulo Jorge Freitas da Silva Bullying em idade escolar [Documento electrónico] : diálogos sobre as multiplicidades da vitimação e a prevenção com crianças / Paulo Jorge Freitas da Silva Costa.- Braga : [s.n.], 2019.- 1 CD-ROM ; 12 cm Tese de doutoramento em estudos da criança, área de especialização em educação física, lazer e recreação, apresentado ao Instituto de Educação à Universidade do Minho, tendo como orientadora Maria Beatriz Ferreira Leite de Oliveira Pereira. Resumo inserto na publicação. Ficheiro de 8,49 MB em formato PDF (306 p.). VIOLÊNCIA NA ESCOLA, VIOLÊNCIA JUVENIL, PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA, TESE, PORTUGAL O bullying é descrito como abuso sistemático de poder constituindo uma realidade internacional. Os objetivos deste estudo visam compreender de que forma evolui a prevalência das múltiplas formas de vitimação e os níveis de proatividade face ao bullying por parte das crianças do 3º ciclo do ensino básico. Procuramos ainda avaliar eficácia da implementação de um Programa Preventivo Anti-Bullying com e para Crianças (PPA-BcpC) associado ao aumento dos comportamentos pró-ativos entre pares face ao bullying, ao longo do 3º ciclo do ensino básico. A metodologia foi quantitativa. Foi aplicado um questionário de autorrelato em formato digital aos participantes em todos os estudos, avaliando-se as questões sociodemográficas, comportamentos de vitimação e ou agressão e os diferentes papéis dos observadores face às situações de bullying em idade escolar. A tese foi organizada em três estudos, os quais foram realizados em escolas públicas, pertencentes a três Agrupamentos de escolas do ensino básico do norte de Portugal. A amostra variou de acordo com o respetivo estudo. No estudo 1, participaram 360 alunos do 7º ano do ensino básico (168 feminino, 46,7% ; 192 masculino, 53,3%, com idades compreendidas 11-16 anos. No estudo 2, participaram 162 alunos em termos médios (171 alunos no 7º ano; 160 no 8º e 156 no 9º ano; com idades compreendidas 13-18 anos), apresentando uma distribuição média associada ao género de 52% feminino e 48% masculino. Finalmente, no estudo 3, participaram um total de 50 alunos, pertencentes ao 7ºano (25 grupo de controlo, 11 feminino, 44% e 14 masculino, 56% e 25 grupo de intervenção, 13 feminino - 52% e 12 masculino - 48% ; com idades entre os 11 e os 14 anos). Os resultados globais obtidos permitem-nos afirmar que a vitimação continuada e assimétrica de comportamentos agressivos e ou de intimidação entre pares, constitui uma realidade preocupante e que a mesma se manifesta de múltiplas formas e com diferenças associadas às questões de género só para algumas formas de bullying. Deste modo, 30% a 49% dos alunos foram vítimas de bullying genérico. Assim, os principais resultados dos estudos indicam não haver diferenças estatisticamente significativas associadas ao género e as múltiplas formas de vitimação, com exceção, na vitimação física e de exclusão no início do 7º ano (p>0.05). Relativamente ao bullying homofóbico, verificou-se que a prevalência aumentou do 7º para o 9º ano, sendo que o género masculino, apresentou maior frequência de vitimação comparativamente ao feminino, registando-se diferenças estatisticamente significativas no 9º ano (p>0.05). A implementação do PPA-BcpC surtiu efeitos positivos no grupo de intervenção associados aos perfis de «observadores proativos», «vítimas» e «observadores passivos», enquanto nos perfis de «agressores» e «vítimas agressoras» se observou uma manutenção das prevalências registadas na fase diagnóstica. Quando mais de um terço dos alunos se situa como vítima de agressões e ou intimidações assimétricas e continuadas, ao longo de um período escolar, urge problematizar os mecanismos de intervenção educativa patrocinados pela instituição escolar, através do respetivo projeto pedagógico, pois está comprometido o processo de socialização saudável entre pares. As diferenças associadas às diferentes formas de vitimação e o género tendem a esbater-se ao longo dos três anos em estudo. Os dados revelam ainda que o bullying homofóbico é uma realidade no contexto escolar, onde o género masculino surge mais envolvido em situações de bullying comparativamente ao feminino, pelo que os programas de intervenção devem contemplar as estratégias a desenvolver no sentido de prevenir a sua existência. As prevalências registadas associadas às múltiplas formas de vitimação e os comportamentos proativos por parte dos observadores, reforçam a necessidade de programas de prevenção nas escolas, enquadrados numa perspetiva sistémica privilegiando a intervenção dos observadores face às situações de bullying e em estreita articulação com os pais, pessoal docente e não docente. Por fim, os dados associados à implementação do - PPA-BcpC, revelam que através de um trabalho Anti-Bullying desenvolvido com crianças, é possível promover comportamentos proativos entre pares face ao bullying, seja por via direta e não violenta, seja indireta com recurso à denúncia aos adultos. Assim, concluímos que crianças constituem um grupo a ter em conta, na prevenção do bullying através da respetiva participação proativa e alicerçada em pontes de pares. |