Centro de Documentação da PJ
Monografia

CD276
BELINHA, Flávia Oliveira
Características que suscitam suspeita de maus-tratos em crianças e jovens em observação no serviço de urgência do Hospital Pediátrico de Coimbra [Documento electrónico] / Flávia Oliveira Belinha.- Coimbra : [s.n.], 2015.- 1 CD-ROM ; 12 cm
Trabalho final de mestrado integrado em Medicina, apresentado à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo como orientadores Sara Pedroso e Joaquim Cerejeira. Ficheiro de 635 KB em formato PDF (49 p.). Resumo inserto na publicação.


MAUS TRATOS CONTRA CRIANÇAS, SERVIÇO DE EMERGÊNCIA, TERAPÊUTICA, PROTECÇÃO DE CRIANÇAS, MEDICINA, TESE, PORTUGAL

INTRODUÇÃO E OBJETIVO: As crianças são particularmente vulneráveis a qualquer tipo de violência, abuso ou exploração. O Serviço de Urgência (SU) constitui uma importante porta de entrada para o cuidado da criança vítima de maus-tratos e poderá representar uma oportunidade única de proteção para aquelas que não frequentam outros serviços de saúde. O presente estudo procurou identificar e descrever caraterísticas que podem suscitar suspeita de maus-tratos em crianças/adolescentes observados no SU do Hospital Pediátrico de Coimbra (HPC) e sinalizados ao Núcleo Hospitalar de Apoio às Crianças e Jovens em Risco (NHACJR), por comparação com um grupo de controlo. MATERIAIS E MÉTODOS: Análise de 58 processos clínicos informatizados correspondentes a crianças/adolescentes, com idades compreendidas entre os zero e os 18 anos (não inclusive), que foram sinalizadas ao NHACJR do HPC, a partir do SU, durante um período de três anos civis: 2011-2013. Foram estudadas variáveis de caraterização do episódio de urgência, da criança, do mau-trato e do agressor, com posterior comparação entre os grupos, de modo a determinar as caraterísticas que permitiam diferenciá-los. RESULTADOS E CONCLUSÃO: A amostra é constituída por 58 casos, com uma média de idade de 7,51 anos, sendo 40 do sexo feminino. 67,3% dos casos recorreram ao SU por iniciativa da própria criança, da família ou da professora/educadora. Dos restantes casos, 24,4% foram referenciados por centros de saúde, 8,6% transferidos de outro hospital e 1,7% referenciados pela "Linha Saúde 24". Somente um dos casos foi acompanhado ao SU por ambos os progenitores e cerca de 7% vieram sozinhos com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Foi constatadoatraso na procura dos cuidados médicos em 36,2% das crianças. Entre os diagnósticos finais destacaram-se os abusos sexuais (37,9%), seguidos dos maus-tratos físicos (15,5%) e negligência (8,7%), sendo que o agressor era um familiar direto em 79,4% dos casos (em especial o pai). A grande maioria das crianças (84,5%) apresentava um ou mais fatores de stress psicossocial no seio familiar. Após observação no SU, 62,1% dos casos ficaram com Consulta da Criança em Risco (CCR) agendada para seguimento do caso e 24,1% foram internados. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos em estudo, no que se refere ao género, idade, gravidade clínica, comportamento no SU, desenvolvimento psicomotor e aproveitamento escolar. Pelo contrário, verificaram-se diferenças significativas na hora e motivo de ida ao SU, atraso na procura de cuidados médicos, tipo de acompanhante, orientação da criança após alta do SU, existência de episódios anteriores semelhantes e perfil de funcionalidade familiar. COMENTÁRIO: Pela existência de lacunas durante a recolha dos dados, que conduziu à exclusão de um grande número de variáveis inicialmente propostas para o estudo, seria preferível a realização de um estudo prospetivo, com acompanhamento longitudinal das respetivas crianças/adolescentes e suas famílias.