Centro de Documentação da PJ
Monografia

CD359
NEIVA, Laura Carvalho de Oliveira
Expectativas de agentes policiais sobre Big Data no sistema de policiamento e investigação criminal em Portugal [Recurso eletrónico] / Laura Carvalho de Oliveira Neiva.- Braga : [s.n.], 2024.- 1 CD-ROM ; 12 cm
Dissertação de doutoramento em Sociologia, apresentada ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, tendo como orientadora Helena Cristina Ferreira Machado. Ficheiro de 4,59 MB em formato PDF (414 p.).


ANÁLISE CRIMINAL, PROCESSAMENTO DE DADOS, POLICIAMENTO, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL, POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA, POLÍCIA JUDICIÁRIA, ESTUDO DE CASOS

Uma característica marcante das sociedades digitais, com a proliferação de bases de dados e a intensificação de circulação de informação a uma escala global, é a proeminência do chamado "Big Data" – conjuntos massivos de dados, gerados e processados a velocidades elevadas e provenientes de diversas fontes, que desafiam as capacidades tradicionais de processamento de dados. Na presente investigação o principal objetivo é compreender e interpretar as expectativas dos membros da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Polícia Judiciária (PJ) em Portugal sobre Big Data no sistema de policiamento e investigação criminal, perspetivando-as como posicionamentos interativos e complexos, que conjugam elementos simbólicos, organizacionais e sociais, passíveis de mudanças ao longo do tempo. O debate público sobre o tema de Big Data divide-se entre a ênfase laudatória no seu caráter revolucionário ao nível do processamento e análise de dados e potenciais ganhos de eficácia e eficiência; e os receios em torno de riscos para os direitos humanos e liberdades civis, a possibilidade de viés, e a reprodução de desigualdades sociais e discriminação. Nesta tese, mobilizam-se conceitos que emergem da sociologia das expectativas, dos estudos sociais da ciência e da tecnologia, dos estudos sociais do trabalho policial e dos estudos da vigilância, numa linha analítica e interpretativa de pendor construtivista. Adotou-se uma metodologia qualitativa com base em entrevistas, observação etnográfica não estruturada de eventos, de redes sociais referentes a Big Data, e análise da regulação sobre o tema. Os resultados ilustram expectativas heterogéneas e fluídas que, embora inclinadas para o lado do "controlo", se articulam estrategicamente com a faceta de "proteção" da sociedade. Os membros da PSP e da PJ dividem-se entre atitudes de abertura e posicionamentos de resistência face a Big Data, num processo complexo de negociação do ethos profissional. Esta tese, além de representar um estudo pioneiro em Portugal, discute as implicações sociais e éticas de Big Data no sistema de policiamento e investigação criminal.