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MARTINS, Sónia Maria da Costa Vitimização e perpetração sexual em jovens adultos : da caracterização da prevalência às atitudes / Sónia Maria da Costa Martins.- [Braga] : Universidade do Minho, 2013.- XXII, 266 p. ; 30 cm (Digitalizada). - (Estudos) Tese de Doutoramento em Psicologia, Especialidade de Psicologia da Justiça, pela Universidade do Minho, Escola de Psicologia (Polic.) : oferta PSICOLOGIA, DIREITO PENAL, VITIMIZAÇÃO, VIOLAÇÃO, VIOLÊNCIA SEXUAL, VIOLENCIA JUVENIL, AGRESSÃO SEXUAL, TESE DE DOUTORAMENTO, PORTUGAL Ao efetuar uma revisão da literatura sobre a investigação realizada na área da violência sexual (no presente caso, centrada nas idades juvenis/jovem adulto) constatámos, desde logo, que, apesar das inúmeras investigações internacionais sobre o tema, não é fácil fazer uma referência clara à incidência e prevalência do fenómeno. Na verdade, podem mesmo identificar-se vários entraves ao conhecimento preciso destes números, nomeadamente: a dificuldade na operacionalização dos termos em investigação, os diferentes designs dos estudos, a não unificação dos períodos a que se referem as questões, as amostras de diferentes tamanhos e áreas geográficas, o tipo de questões que são colocadas e as próprias metodologias que são usadas. A todos estes fatores, no caso nacional, acresce a falta de estudos conduzidos na área, a dificuldade de construção de uma amostra representativa e os custos elevados associados a uma investigação desta natureza, assim como a inexistência de instrumentos devidamente validados e aferidos sobre este tema. Mesmo assim, os resultados encontrados revelam-se inquietantes e progressivamente mais conclusivos quanto à gravidade e disseminação do problema, assim como à importância de unificar esforços no sentido de melhor o compreender e de desenvolver estratégias de intervenção e prevenção mais eficazes. Face ao exposto, ao longo deste trabalho, apresentaremos uma revisão crítica do estado da arte na área da violência sexual e dois estudos, ambos de caráter quantitativo, conduzidos em território nacional com estudantes universitários. A principal diferença entre os dois estudos prende-se com o método de recolha dos dados, na medida em que um se baseia no método de recolha presencial, via papel e lápis, enquanto o outro se socorre de um método de recolha via internet. Ambos partilham os mesmos objetivos, mais especificamente: (a) recolher dados sobre a prevalência dos diferentes tipos de violência sexual (i.e., toques sexuais indesejados, coerção sexual, tentativa de violação e violação), quer a nível da vitimização quer da perpetração, tanto do ponto de vista das vítimas como dos agressores. Para a concretização deste primeiro objetivo procedemos à adaptação e aplicação de um questionário largamente usado, a nível internacional, na investigação da violência sexual – o Questionário de Experiências Sexuais (“Sexual Experinces Survey” - SES), mais concretamente a duas versões do mesmo, uma para avaliar a vitimização (Sexual Experiences Survey- Short Form Victimization - SES-SFV) e outra para avaliar a perpetração (Sexual Experiences Survey- Short Form Perpetration – SES-SFP) de comportamentos sexualmente abusivos; (b) conhecer o posicionamento dos jovens face a estas formas de violência (procurando identificar o grau de tolerância/legitimação em relação a estes comportamentos e as crenças específicas que concorrem para a sua legitimação). Para a concretização deste segundo objetivo, e dada a falta de questionários validados e aferidos para a população portuguesa, procedemos à adaptação e aferição uma escala de crenças sobre o tema – a Escala de Crenças Sobre Violência Sexual (ECVS); (c) analisar a relação entre atitudes e comportamentos abusivos e identificar os fatores sociodemográficos (e.g., género, idade, nível socioeconómico) e formativos (e.g., ano de formação, áreas de formação) associados às crenças e comportamentos sexualmente abusivos; e, (d) determinar fatores preditores das atitudes legitimadoras do abuso íntimo e dos comportamentos sexualmente abusivos. Na globalidade, os estudos por nós conduzidos permitiram-nos responder aos objetivos delineados, não obstante algumas limitações de que iremos dar conta. Ao longo do trabalho apresentado procuraremos, assim, analisar o que nos revelam os principais resultados encontrados, assim como explorar as potencialidades e fragilidades dos estudos conduzidos e debater potenciais implicações para a investigação e para o desenvolvimento de programas preventivos e interventivos especializados nesta área. |