Biblioteca DGRSP


EST820
Monografia
7492


PAIVA, Carla
Dating violence : causes and effects / Carla Paiva.- [Braga] : Universidade do Minho, 2012.- 1 tese ; recurso eletrónico, http://hdl.handle.net/1822/19681, acesso restrito. - (Estudos)
Tese de Doutoramento em Psicologia, Especialidade de Psicologia da Justiça, pela Universidade do Minho, Escola de Psicologia
(Polic.) : oferta


PSICOLOGIA, DIREITO PENAL, VIOLÊNCIA, VIOLENCIA JUVENIL, JOVEM, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA, TESE DE DOUTORAMENTO, PORTUGAL

A violência no namoro tem sido amplamente reconhecida internacionalmente, embora não consensual no que se refere às suas causas e aos seus efeitos. A presente investigação enquanto parte do International Dating Violence Study examina a violência no namoro em jovens adultos portugueses, determinando as suas causas e os seus efeitos, numa perspectiva multi-conceptual e integrada. Toma como ponto de partida as experiências negativas do desenvolvimento na infância e adolescência (variáveis distais), a vinculação ao companheiro, a qualidade do relacionamento íntimo com o companheiro e a violência no namoro (variáveis proximais) e os seus efeitos na saúde física e psicológica, em mulheres e homens. A amostra é constituída por 550 estudantes universitários portugueses, 60.5% do sexo feminino, 85% numa relação de namoro, com mediana de idade 21 anos. A agressão psicológica é a forma de abuso mais prevalente, seguida do abuso físico sem sequelas, da coerção sexual, e o abuso físico com sequelas. Encontram-se diferenças de género apenas no que se refere à perpetração de coerção sexual, que é predominantemente perpetrada por elementos do sexo masculino. A simetria de género na prevalência espelha-se igualmente nos factores de risco da violência no namoro. Assim, o estudo não refuta totalmente as perspetivas feministas em prol das perspetivas sócio-relacionais, sugerindo que a mesma teoria deva ser reanalisada e alargada tendo em conta o tipo de abuso e o género do perpetrador. Efeitos diretos e indiretos foram estimados com diferenças significativas entre homens e mulheres na determinação da violência no namoro e na explicação da saúde física e psicológica. Os resultados desta investigação corroboram a hipótese da transmissão intergeneracional da violência e revitimização, e da violência analisada à luz da teoria da vinculação, tendo em conta que a qualidade do relacionamento íntimo no início da idade adulta e as experiências abusivas durante a infância se relacionam com a perpetração e vitimização de abuso no namoro, independentemente do género. Quanto ao contributo da teoria da vinculação, apenas a vinculação ansiosa, mas não o evitamento, se relaciona com a violência no namoro para ambos os sexos, embora explique apenas a perpetração masculina, no modelo final. Tanto a ansiedade como o evitamento estão relacionados com a qualidade do relacionamento íntimo, que é preditor da violência no namoro, em ambos os sexos. Quanto aos efeitos na saúde, embora as experiências adversas proximais e distais se associem com maior morbilidade física e psicológica, o efeito da violência no namoro na saúde é melhor explicado por outros factores, nomeadamente, as experiências de vitimização na infância a vinculação ao companheiro. As dimensões de vinculação envolvidas diferem em função do género e do tipo de morbilidade. Predizem a saúde física, o evitamento em homens e a ansiedade em mulheres, e a saúde psicológica, a ansiedade para ambos os sexos. A perspetiva da vinculação concetualizada como um sistema regulatório do stress é corroborado pelos resultados. Este estudo apresenta um modelo integrativo multi-concetual, numa perspectiva desenvolvimental-relacional que considera as especificidades do género, e se orienta pela teoria da vinculação, tanto na compreensão das causas, como dos efeitos associados com a violência no namoro. Reforça a importância da qualidade e processos associados com as relações significativas proximais e distais na saúde e bem estar dos indivíduos no início da idade adulta no âmbito de uma perspetiva de género especifica.