Centro de Documentação da PJ
Monografia

CD299
SEQUEIRA, Margarida Maria Maniés
Identificação e quantificação de novas substâncias psicoativas em material apreendido em Portugal [Documento electrónico] / Margarida Maria Maniés Sequeira.- Lisboa : [s.n.], 2018.- 1 CD-ROM ; 12 cm
Dissertação apresentada ao Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no âmbito do Mestrado em Química (especialização em Química), tendo como orientadores Helena Margarida Guerreiro Galla Gaspar e Maria João Nunes Vilela Caldeira. Resumo inserto na publicação. Ficheiro de 6,79 MB em formato PDF (195 p.).


DROGA SINTÉTICA, SUBSTÂNCIA PSICOTRÓPICA, ANÁLISE DE DROGA, ANÁLISE LABORATORIAL, LABORATÓRIO DE POLÍCIA, TESE, PORTUGAL

O presente trabalho foi desenvolvido no âmbito da colaboração entre a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e o Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária (LPC-PJ), com vista ao estudo das novas substâncias psicoativas (NSP). As NSP são substâncias não abrangidas pelas Convenções das Nações Unidas sobre os Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas, mas que podem colocar riscos sociais ou para a saúde. O aparecimento destas substâncias levou à formação de um fenómeno que se vem difundindo a uma taxa sem precedentes, representando um desafio em constante evolução que acarreta graves riscos para a saúde em geral. As catinonas sintéticas são o segundo maior grupo de NSP monitorizadas pelo Observatório Europeu de Droga e da Toxicodependência (EMCDDA), estando quimicamente relacionadas com a catinona, um estimulante psicoativo que ocorre na planta Khat (Catha edulis). Contrariamente ao que acontece para as drogas clássicas, são escassos os estudos sobre a identificação e quantificação de catinonas sintéticas, sendo que o rápido surgimento de novas moléculas, bem como a sua propagação no mercado ilícito, dificulta o trabalho dos analistas, não existindo por vezes técnicas que permitam uma resposta tão rápida quanto desejável. Nesse sentido, no âmbito de uma ação pró-ativa, surgiu a importância da validação de um método de quantificação de catinonas sintéticas, que não são consideradas “de consumo mais frequente” ao abrigo da Portaria n.º 94/96, de 26 de Março, pelo que atualmente não são quantificadas. No entanto, tendo em conta a sua crescente difusão passarão, muito provavelmente, no futuro, a ser consideradas “de consumo mais frequente” e, consequentemente, terão que ser quantificadas. O método desenvolvido teve como base o procedimento de rotina do LPC-PJ aplicado para quantificação das substâncias ilícitas descritas na referida Portaria. Deste modo, foi desenvolvida uma metodologia de GC-FID para aplicação na quantificação das 3 catinonas sintéticas: mefedrona, metilona e MDPV (3,4-metilenodioxipirovalerona). A seleção foi feita em virtude de estas 3 substâncias terem sido recentemente consideradas drogas ilícitas e introduzidas na legislação portuguesa sobre drogas (Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro). A validação englobou duas fases de extrema importância: a calibração do método e a estimativa da incerteza associada ao resultado. Para tal, foi necessário sintetizar a metilona, e caracterizar as 3 substâncias em estudo com recurso a diversas técnicas analíticas (GC-MS, GC-FID, RMN), assim como 21 outros padrões de catinonas sintéticas, e 5 outras substâncias, que poderiam funcionar como possíveis interferentes da metodologia em desenvolvimento, resultando num total de 450 análises. De modo a facilitar a aplicação da abordagem utilizada para estimar a incerteza global associada ao resultado, foram implementadas 3 folhas de cálculo, uma para cada catinona em estudo, tendo por base o método numérico de Kragten. Por último foi verificada a compatibilidade metrológica da metodologia em desenvolvimento e a sua aplicação a 4 amostras reais de material proveniente de uma “SmartShop”. Os resultados mostraram que o método é simples, rápido, eficaz e de custos reduzidos, originando resultados com um grau de incerteza baixo, permitindo a quantificação das catinonas sintéticas selecionadas em amostras de material apreendido em Portugal, quando não existem interferentes, estando a metodologia pronta a ser aplicada nos trabalhos de rotina do LPC-PJ. De salientar que neste trabalho foram ainda identificadas substâncias de abuso em material apreendido em Portugal para a resolução de casos judiciais. Neste âmbito, foram analisadas 57 amostras de diversas matrizes (pós, matrizes herbais, comprimidos, soluções líquidas, microselos e autocolantes, resíduos de comida, animais, vinho e torrões de açúcar), através de diversas metodologias analíticas (testes colorimétricos, TLC, CC, GC-MS, GC-FID, RMN, MS e FTIR), que permitiram a identificação de 26 substâncias psicoativas, evidenciando a complementaridade das várias técnicas, com vista à identificação inequívoca e a uma correta monitorização das substâncias.