Centro de Documentação da PJ
Analítico de Periódico

CD 328
A DISSEMINAÇÃO NÃO CONSENTIDA DE IMAGENS ÍNTIMAS ATRAVÉS DOS MEIOS DIGITAIS
A disseminação não consentida de imagens íntimas através dos meios digitais [Recurso eletrónico] : a perspetiva dos profissionais de psicologia / Beatriz Soares Araújo ..[et al.]
Psiquiatria, Psicologia & Justiça, Maia, N.º 20 (Julho 2021), p. 141-209
Ficheiro de 2,11 MB em formato PDF.


DIREITO À PRIVACIDADE, VIDA PRIVADA, INTERNET, ANÁLISE PSICOLÓGICA

Os avanços tecnológicos, apesar das vantagens, facilitaram também o desenvolvimento de novas formas de violência, como é o caso da disseminação não consentida de imagens íntimas. A partir de entrevistas em profundidade, com 1313 profissionais de psicologia e com recurso à análise temática enquanto método de análise de dados concluiu-se que os conteúdos disseminados podem ser obtidos tanto com a autorização da vítima, como sem esta, porém, a sua partilha ocorre sempre de modo não consentido. De acordo com os/as participantes, a vítima deste fenómeno é, sobretudo, a mulher. Já o/a ofensor/a é do sexo masculino e realiza esta disseminação com a motivação de se vingar de alguma forma da vítima. Uma das particularidades deste crime é a maior probabilidade de revitimação, derivada da presença contínua dos conteúdos divulgados. A perturbação mais comum a desenvolver nestas vítimas é a ansiedade, de acordo com os/as profissionais. Ao nível da intervenção parece relevante focar as necessidades individuais da vítima e promover a sua estabilização emocional, trabalhando sobretudo em torno da autoculpabilização. Também importa garantir a segurança da vítima, realizar psicoeducação e envolver a rede de apoio no processo psicoterapêutico, trabalhando junto da vítima a possibilidade do ressurgimento das imagens/vídeos partilhados.