Centro de Documentação da PJ
Analítico de Periódico

CD 292
MARRA, Marlene Magnabosco, e outro
Entre a revelação e o atendimento [Documento electrónico] : família e abuso sexual / Marlene Magnabosco Marra, Liana Fortunato Costa
Avances en Psicología Latinoamericana, Bogotá, Vol. 36, n. 3 (2018), p. 459-475
Ficheiro de 340 KB em formato PDF.


CRIME SEXUAL, FAMÍLIA, VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS, ESTUDO DE CASOS, BRASIL

Há um intervalo de tempo entre a ocorrência do abuso sexual e seu desvelamento dentro da família, do qual se tem pouco conhecimento. O objetivo deste texto é compreender o que ocorre com as famílias no período entre a revelação do abuso sexual e o início do atendimento especializado. O contexto de pesquisa foi uma instituição pública, na qual foram realizadas dez entrevistas com nove famílias que apresentavam situação de abuso sexual. Resultados dividem-se entre informações sobre a configuração familiar e o período de tempo no qual há um silenciamento sobre a situação do abuso sexual, anterior à publicização da violência: 1) Sobre a configuração familiar - as mães estão presentes na maioria das famílias, o abuso sexual intrafamiliar prevalece sobre o extrafamiliar, e a maioria das vítimas é de meninas, sendo que idade média é de 8 anos e 8 meses. 2) Sobre o período de tempo entre a revelação do abuso sexual e o atendimento - o abuso sexual ocorreu, em média, 27 meses antes do momento da entrevista na instituição; o tempo médio da ocorrência do abuso sexual é de 13 meses antes da sua revelação; e o intervalo de tempo que vai da revelação do abuso sexual à denúncia é de 7 meses. A revelação do abuso sexual é percebida, pela família, como mais uma ameaça aos outros acontecimentos com os quais a família já se depara, gerando reações paradoxais que vão desde a proteção à imobilidade. Quando as famílias se apresentam para o atendimento institucional, encontram-se confusas e distanciadas da situação de violência. O tempo entre o abuso sexual, a revelação e a busca por ajuda é vivido em interação familiar, necessitando ser visto mais como momento de elaboração e assimilação da violência sofrida.