Acórdãos TC
Acórdão do Tribunal Constitucional
Nº Convencional: ACTC7772
Acordão: 97-531-P
Processo: 3-CPP
Relator: ACORDÃO DITADO PARA ACTA
Descritores: PARTIDO POLITICO. CONTA.
FINANCIAMENTO DOS PARTIDOS POLITICOS.
COMPETENCIA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL.
Nº do Documento: TPP1997081397531P
Data do Acordão: 08/13/1997
Espécie: PARTIDOS POLITICOS
Requerente: PS PPD/PSD CDS/PP PCP
Requerido: PS PPD/PSD CDS/PP PCP
Nº do Diário da República: 217
Série do Diário da República: IA
Data do Diário da República: 09/19/1997
Página do Diário da República: 5116
Outras Publicações: X
Votação: UNANIMIDADE
Privacidade: 1
Legislação Nacional: L 72/93 DE 1993/11/30 ART4 ART5 ART13.
LTC82 ART103-A.
Jurisprudência Constitucional:
Área Temática 1: PARTIDOS POLITICOS.
Área Temática 2: DIR ELEIT.
Decisão: Julga prestadas, embora com irregularidades, as contas relativas ao exercício de 1995, apresentadas pelos seguintes partidos políticos: Partido Socialista (PS), Partido Social Democrata (PPD/PSD), Partido Popular (CDS/PP), Partido Comunista Português (PCP), Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), Partido de Solidariedade Nacional (PSN) e União Democrática Popular); julga não prestadas as contas remetidas ao Tribunal, e relativas ao exercício de 1995, pelos seguintes partidos políticos: Partido Socialista Revolucionário (PSR), Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) e Movimento para a Unidade dos Trabalhadores (MUT); determina que sejam publicadas, juntamente com o acórdão do Tribunal, as listas referidas no nº 5 do artigo 10º da Lei nº 72/93, de 30 de Novembro, na redacção da Lei nº 27/95, de 18 de Agosto; e determina que os autos sejam continuados com vista ao Ministério Público.
Sumário: I - No seu Acórdão nº 979/96, em que apreciou as contas relativas ao ano de 1994 apresentadas pelos partidos políticos que cumpriram a respectiva obrigação legal, já o Tribunal Constitucional teve a oportunidade de tornar claro e apreciar o seu entendimento acerca da natureza, sentido e extensão dessa sua competência.
      II - A apreciação do Tribunal não recai, segundo critérios de natureza económica-financeira, sobre a gestão, em geral, dos partidos políticos, mas tão-só sobre o cumprimento, pelos mesmos, das exigências que a lei, directamente ("legalidade", em sentido estrito) ou devolvendo para regras e princípios de organização contabilística ("regularidade"), lhes faz nessa área.
      III - Cingida a competência do Tribunal à apreciação da legalidade (lato sensu) das contas dos partidos políticos, a vertente central dessa competência, e determinante dela, residirá no controlo da legalidade do "financiamento" daqueles, a aferir, essencialmente, pelo disposto nos artigos 4º e 5º da Lei nº 72/93: tudo o mais, e nomeadamente o exame de despesas e seu registo, é tão-só instrumento, mas imprescindível, desse objectivo central.
      IV - Sujeitos às obrigações da Lei nº 72/93, e nomeadamente à da apresentação da conta anual, encontram-se não apenas os partidos com representação parlamentar (nacional ou regional) ou, ao menos, representação nos órgãos electivos do poder local, mas todos os partidos constantes do respectivo registo.
      V - No mesmo Acórdão nº 979/96, também o Tribunal Constitucional teve oportunidade de concretizar algumas exigências a que a contabilidade dos partidos políticos e a apresentação da respectiva conta anual devem obedecer, para que possam ser havidas como cabalmente conformes com a legalidade, e para que possa cabalmente cumprir-se a função do seu controlo.
      VI - As contas ora em apreciação, não só respeitam a um período anterior ao Acórdão nº 979/96 como foram organizadas e apresentadas a este Tribunal muito antes de proferido esse aresto, e inclusivamente de concluída a auditoria às contas dos partidos de 1994, que esteve na sua base, e de notificados estes últimos dos correspondentes resultados.
      VII - O conteúdo de tal acórdão não pôde naturalmente, por isso, ser ainda considerado pelos partidos políticos nas suas contas relativas ao ano de 1995: assim sendo, não se estranhará que nessas mesmas contas se venha a deparar com um conjunto de situações idênticas às que, verificadas pelo Tribunal Constitucional nas contas dos partidos de 1994, lhe permitiram justamente concretizar as exigências de organização contabilística enunciadas no Acórdão nº 976/96.
      VIII - Nos termos do disposto no artigo 103º-A da Lei do Tribunal Constitucional (na redacção da Lei nº 88/95, de 1 de Setembro), havendo o Tribunal, no processo de apreciação das contas que lhe foram submetidas, reconhecido a ocorrência objectiva de ilegalidades e (ou) irregularidades nas mesmas contas, impõe-se-lhe que ordene a vista dos autos ao Ministério Público, para os efeitos previstos nesse preceito ilegal.
Texto Integral: